
Era um desejo de não te ter como amante e o desejo de não te perder como amigo. Era um rodopio de nostalgias do meu último amor. Disse que queria ir para casa e tu pediste para pelo menos ir tomar o pequeno-almoço. E eram beijos e rodopios na pista num estilo quase malabarista.
Saímos pelas ruas. O álcool recaía sobre os dengosos abraços e passos enviesados. As ruas românticas de Lisboa não deixavam de dar um empurrão. Quando dei por isso estava nu na tua cama. Quando voltei a reparar dávamos beijos. Dava uma volta na cama e queria estar perto. Dava outra e não te queria fisicamente. Dava outra e queria que percebesses que o meu amor era platónico e não físico. Mas não te queria confrontar com a verdade. Nas reviravoltas ainda me contaste histórias de medos, fantasmas e prisão. Quase acreditei que estava condenado a uma condição de eunuco e que me teria de libertar. Por amor não quis magoar-te e por amor pressionavas. Deixei-me ir a custo. Mas no fundo sabia que não te queria como amante, queria-te profundamente como amigo. Assim descobri uma nova paixão e tu acusaste-me de traição. Amargo ficou... E amargo quiseste. Porque não consegui dizer que não àquela insistência e miado carente, que me pedia companhia para o pequeno-almoço.
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