Thursday, July 25, 2013

Pela calçada portuguesa - história de uma paixão coxa


Conheci-te ao acaso e acabamos a noite os dois em danças loucas. Para mim tinha descoberto um amigo. Para ti, descobrias um amante. Eu sabia que não queria ir naquela noite para tua casa. Não conseguia muito bem concretizar o que era.

Era um desejo de não te ter como amante e o desejo de não te perder como amigo. Era um rodopio de nostalgias do meu último amor. Disse que queria ir para casa e tu pediste para pelo menos ir tomar o pequeno-almoço. E eram beijos e rodopios na pista num estilo quase malabarista.

Saímos pelas ruas. O álcool recaía sobre os dengosos abraços e passos enviesados. As ruas românticas de Lisboa não deixavam de dar um empurrão. Quando dei por isso estava nu na tua cama. Quando voltei a reparar dávamos beijos. Dava uma volta na cama e queria estar perto. Dava outra e não te queria fisicamente. Dava outra e queria que percebesses que o meu amor era platónico e não físico. Mas não te queria confrontar com a verdade. Nas reviravoltas ainda me contaste histórias de medos, fantasmas e prisão. Quase acreditei que estava condenado a uma condição de eunuco e que me teria de libertar. Por amor não quis magoar-te e por amor pressionavas. Deixei-me ir a custo. Mas no fundo sabia que não te queria como amante, queria-te profundamente como amigo. Assim descobri uma nova paixão e tu acusaste-me de traição. Amargo ficou... E amargo quiseste. Porque não consegui dizer que não àquela insistência e miado carente, que me pedia companhia para o pequeno-almoço.